Antics, o segundo trabalho de grande fôlego dos Interpol, marca o regresso das líricas abrasivas e magnéticas de Banks, da compósita estrutura seguríssima e destrutiva da sua música. Se comparasse os dois álbuns da banda, destacaria, no primeiro, maior opacidade nas palavras, mais marcada distância entre o enunciado e o que se revela no remoinho da música – um mais escuro canto, entre os detritos dos espaços partilhados e o sangue do corpo que se não descobre; parece-me poder perceber-se no mais recente trabalho uma maior abertura, uma navegação mais clara – em águas revoltas, ainda assim, mas mais perto de se dizer, nas várias perdas dos dias, nos parcos lúzios que traz a vida: «We sail today, tears drown in the wake of delight/ There's nothing like this built today/ You'll never see a finer ship or receive a better tip in your life// I am a scavenger between the sheets of union/ Lately I can't tell for sure whether machines turn anyone» (Take You on a Cruise)

Tal como sucedia no primeiro álbum, alternam em Antics canções de mais alargada extensão com tiros mais breves, que mais depressa nos atingem – caso de Slow Hands, cuja fortuna se revelou pródiga na história do disco, mercê, talvez, do intenso lirismo tempestuoso do poema e do cantável que habita a música. Trata-se de uma das composições mais declaradamente amatórias da banda – como não poderia deixar de ser com os Interpol, de forma enviesada, revoluta, encrespada e incomodada.

Ano de Lançamento: 2004
Tamanho: 39mb

1. Next Exit
2. Evil
3. Narc
4. Take You On A Cruise
5. Slow Hands
6. Not Even Jail
7. Public Pervert
8. C'mere
9. Length Of Love
10. A Time To Be So Small