Franz Ferdinand - Franz Ferdinand [2004]




Se há disco que claramente marcou os últimos anos foi "Franz Ferdinand". Disco homónimo de um grupo de jovens ligado ao movimento artístico juvenil de Glasgow, que assumiram um certo elitismo e até algum snobismo. Tudo foi pensado ao pormenor, ou não fosse a estética um conceito que o grupo absorveu deste o início.

A arte, não era apenas a música. Era tudo o que a envolvia. Cada vídeo, cada cenografia, até a capa dos discos, fazem parte de um conceito único. Um capa simples, minimalista, inspirada claramente numa corrente estilista soviética, cujo maior expoente foi Alexander Rodchenko, é excelente. O disco foi gravado na Suécia num curto espaço de tempo - tudo estava previamente planeado.

Com "Franz Ferdinand" a música "indie" e o "art rock" atingiram a maioridade, graças a uma inteligente mistura de influências "new wave" (Talking Heads, Gang of Four, Joy Division/New Order, Blondie), com pura estática pop, que lhe dão um certo som retro, que a capa enquadra, mas que em simultâneo soa impressionantemente moderno.

Um rock alternativo tremendamente eficaz, onde se fundem rock, pop, punk, garage, new wave, e que tem a dança claramente em mente.

"Jacqueline" começa ao ritmo de balada, totalmente acústica, mas pelos 43 segundos muda radicalmente para uma violenta celebração de hedonismo. "Tell her tonight" é despretensiosa, dançável e sonoramente coesa, muito new have.

"Take me Out", que chegou a nº 3 no Reino Unido, até agora um recorde para a banda., é um tema que joga exemplarmente com as mudanças de compasso, o que lhe dá um bom apelo comercial, sem deixar de ser musicalmente muito interessante.

Uma referência para o excelente vídeo do tema, realizado por Jonas Odell, uma obra-prima de estética avant-garde, muito inspirado na estética do construtivismo soviético e do dadísmo, a que junta uma coreografia bem ao estilo de um dos grandes de Hollywood, Busby Berkeley.

Segue-se "The Dark of the Matinée", com um ritmo muito interessante, e algumas combinações melódicas muito bem conseguidas.

Forte influências do romantismo lírico, numa estranha história de paixão. Em "Auf Ausche" sob um tema aparentemente romântico, suportado por sintetizadores e piano jogando simples melodias, revela-se uma expressiva agressividade e rancor, lembrando algumas temáticas (e som) dos Blondie. Muito "eightie".

"Cheating on You" abre com guitarras bem post-punk, mas logo aparecem harmonias claramente dentro do chamado "merseybeat". É evidente o apelo dançante da música, que foi um êxito nas discotecas do Soho.

Já "This fire" aponta para horizontes mais calmos, destacando-se o riff de guitarra e uma força latente bem concebida.

"Darts of pleasure", foi o primeiro single da banda, colocando-a nos charts do Reino Unido.

É um bom exemplo do glamour, do humor e da energia do grupo. Extremamente bem concebida, era um tema que garantia a entrada nos charts – talvez por isso escolhida pela editora para lançar a banda.

A recta final em crescendo é mais um grande momento do disco.

"Michael", um tema post-punk, é um ponto de viragem na lírica da música mais recente. Um som-rock bem balançado suportando por uma letra dúbia que pode levantar dúvidas sobre a sexualidade dos membros da banda.

"Come On Home", é suportada por uns sintetizadores que soam muito à forma como os Blondie os utilizavam há mais de 20 anos, mesmo o jogo de vozes está dentro do estilo. A letra é de grande qualidade.

O álbum fecha com "40 ft" um tema enigmático, com um ritmo muito bem cuidado, totalmente integrado na lírica. Algo Breliano. Muito cuidado nos pormenores das harmonias.

Um álbum com grandes músicas, sem pontos fracos. Muito raro nos tempos que correm.

Alex Kapranos é talvez o melhor vocalista da sua geração, Nick MacCarthy é já um grande guitarrista, Bob Hardy, no baixo, e Paul Thompson, na bateria, conseguem assegurar uma base rítmica que assegura topo o tipo de aventuras musicais.

Com este álbum os Franz Ferdinand foram a grande revelação de 2004, vencendo justamente o Mercury Prize Award.

E se havia dúvidas se este era apenas mais um grande primeiro álbum, de um grupo que depois se mostraria inconsequente, You Could Have It So Much Better, veio provar o contrário. Mas essa é outra história.

Ano de Lançamento: 2004
Tamanho: 36 Mb


  1. Jacqueline
  2. Tell Her Tonight
  3. Take Me Out
  4. The Dark Of The Matinée
  5. Auf Achse
  6. Cheating On You
  7. This Fire
  8. Darts Of Pleasure
  9. Michael
  10. Come On Home
  11. 40'

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