Brakes - The Beatific Visions [2006]



Uma mistura de country e punk. Assim que, de forma rápida, pode se definir o segundo disco do Brakes, The Beatific Visions, lançado no exterior em novembro e que chega agora ao Brasil. O grupo inglês, formado a partir de integrantes de boas bandas indie britânicas (British Sea Power, Electric Soft Parade, Tenderfoot), surpreende ao unir a urgência e energia punk com a honestidade e lirismo do country, sem esquecer o pós-punk e o power-pop que regeram sua estréia em 2005, com Give Blood. Deixando todos esses rótulos para trás, sobra apenas uma definição: um excelente disco de rock.

The Beatific Visions, assim como seu antecessor, tem menos de meia hora, com as faixas, em geral, beirando dois minutos. Seguindo esse mesmo ritmo, o álbum foi gravado em poucos dias num estúdio de Nashville, com o quarteto tocando junto, ao vivo. O ar da cidade que é berço do Hall da Fama do Country e o gosto por Johnny Cash (já evidenciado no cover de "Jackson", presente no primeiro disco) transborda em praticamente todas as músicas, principalmente no vocal de Eamon Hamilton, guitarrista e líder da banda. Hamilton, aliás, é um letrista de mão cheia – faz graça sem forçar a barra, ama mandando a pieguice para longe e conta histórias com a certeza de quem sabe o que está fazendo.

As esporas e chapéu pesam mais em "Margarita", um Pixies saído do interior norte-americano, e na existencialista "If I Should Die Tonight", que conta com o piano de David Briggs, antigo membro da banda de Elvis Presley. "Spring Chicken" é um Chubby Checker com peso nas guitarras e dois pés dentro dos saloons dos EUA, enquanto "On Your Side", exagerando na steel guitar, narra uma desilusão amorosa com um rancor e tanto ("espero que você possa fechar os olhos e enxergar por milhas, pois quando eles estão abertos, não vêem nada").

Só que o Brakes ainda pode brilhar muito mais. O primeiro single, "Hold Me In the River", emula o Violent Femmes dos tempos áureos, puxado por um riff delicioso, assim como na letra e videoclipe bem-humorados ("me perguntam, 'Eamon, nos conte o que você faz para manter seu jardim crescendo', e digo, 'experimente deitar na grama pensando na Scarlett Johansson'"). A genialidade continua em "Cease and Desist", que descreve uma partida de pôquer entre Deus e o diabo, e na tristíssima "No Return", levada por um arranjo de cordas e com ares de Belle & Sebastian (que excursionou com o Brakes no ano passado).

As pérolas "Beatific Visions" e "Mobile Communication", irrestíveis e infecciosas, são de uma doçura tão grande que parecem um Teenage Fanclub caipira; difícil não bater pé e cantar junto depois de escutar pela primeira vez.
As faixas vão se sucedendo numa rapidez tão grande e com tanta competência que o disco acaba num piscar de olhos e lá vai o dedo apertar de novo no "play". Dizem que o Brakes, que não gosta mesmo de perder tempo, já está gravando músicas novas para um terceiro disco. Ainda bem.

Ano de Lançamento: 2006
Tamanho: 25 MB
  1. Hold Me In the River
  2. Margarita
  3. If I Should Die Tonight
  4. Mobile Communication
  5. Spring Chicken
  6. Isabel
  7. Beatific Visions
  8. Porcupine or Pineapple
  9. Cease and Desist
  10. On Your Side
  11. No Return

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